JAMES MARTINS

nenhuma poesia

domingo, março 30, 2008

PARA A EXPOSIÇÃO PARTÍCULA DIGITAL (da joujou)


eu vi essas fotos pela primeira vez num sítio desses de postagens coletivas na web: fotolog's; flog's. uma exposição virtual. uma auto-exposição. será q a terminologia aplicável a essa experiência da juliana ainda é fotografia? vivemos numa época de redefinições. quem sou? de onde venho? etc. tudo isso q já descansava em paz nos nossos imaginários preguiçosos volta à tona com urgência de respostas. aos artistas tal responsabilidade luze com + força. certa vez completei assim o meu perfil do orkut: quem sou eu: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=11009406120151577704 [o link para o próprio perfil –q sou eu ali- onde a pergunta e a resposta se reproduzem até o infinito] numa tentativa ñ apenas ingênua de filosofar [humor sempre] diante das novas possibilidades e exigências q o mundo virtual instala. o vírus vem de brinde. todo mundo está no orkut. ñ tem ninguém lá. riobaldo diz: "-qto + eu andava, querendo pessoas, parece q + me atolava no profundo do vago." eis o q eu qria dizer: esse CORPO DIGITALIZADO de juliana cerqueira encheu minha imaginação de impulsos assim q o vi. alta-voltagem. as questões fundamentais do mundo pós-utópico e digital, a saber: superpopulação; anonimato; reconstrução das relações de afeto; redimensionamento do tempo; tecnologia na arte etc. estão tocadas ali por dedos-anéis-lábios-orelhas-cabelo-alma-e-conexão-sem-fio. sugestões. uma imagem tem + gigabytes q mil palavras. o instrumento principal do trabalho de juliana é o próprio corpo. um corpo tem + tecnologia q mil bil gattes. ñ se trata de click’s contra um vidro por uma câmera qualquer. ela enfiou a cara scanner adentro [tudo in vivo. nada in vitro.] e conseguiu um efeito plástico sensacional: morbidezas; desespero; solidão; mas tb sensualidade; uma imaginação hipertrofiada como a minha vê até algum bucolismo naquilo tudo. às vezes a mulher parece morta; e mesmo assim desejamos lambê-la. um mundo onde as tragédias convivem cotidianamente com gatinhos angorá e absorventes internos e poemas em papel reciclado. velocidade. filosofia com os olhos. goethe diz: "-pensar é qse tão interessante qto saber mas ñ tão interessante qto olhar." matar o tempo? como ressuscitá-lo? milhares de crianças e adultos e animais carentes acabam de pedir sua atenção. juliana sabe com muita precisão o q qr dizer com essas imagens. e defende isso com sobriedade empolgada. eu tenho impressões apenas. sartre acabou de entrar. sartre diz: "-impressão é uma plenitude subjetiva." cada um terá a sua. mas há ali um contorno bem delineado naquelas formas disformes. uma mensagem. um novo apelo de humanidade para os seres humanos. um desafio individual ante o coletivo. um pensamento próprio configurado em linguagem moderníssima via entrega do próprio corpo. e isso está em falta nos melhores supermercados.
assim, q a exposição desse CORPO DIGITALIZADO de juliana cerqueira faz-se algo urgente. ñ há + tempo a perder. haverá ainda algum tempo a ganhar? talvez sempre. "sempre ñ é todo dia". ouçam a canção. a juliana preferia estar exposta nas ruas. levem-na consigo. é uma experiência marcante. dirão os meus netos refazendo o ditado já velho: a impressão a laser é a q fica.