.4 DE DEZEMBRO (p'ra luana)
[na barraca de marina]:
sarapaTHEOS 'tá para todos.
60% de ouro nas moquecas;
70% de louro nas cervejas;
90% de ouro nas almas;
(...) porociosidade / comunicação (...)
[parachoque de caminhão]:
[frete]:
-de rosa são seus petalábios
como agora posso ver/melho;
como posso ver melhor
que de longe aqui de perto.
[na barraca de marina]:
márcio: -êpa, rei sentaí co'a gente...
rafael: -pôrra, aluá com essa lua?!?
rádio: "-é fogo, é fogo (...)"
o hipertenso: -contra moqueca, de fato, não há argumento.
rádio: "-(...)que sobe e me consome todo."
[anúncio publicitário]:
?QDO A FOME ACABARÁ?
?QDO A FOME ACARAJÉ?
[na barraca de marina]:
o bombeiro birobiro: -baixe a crista, frangote!
joão cabral: -sou américa e dou o empate.
(numa mesa ao nosso lado o cão chupava as mangas da camisa d'uma dona)
rádio: "(...) rasgamos a manhã vermelha..."
alguém(não say quem / o sol bem / na minha cara):
-eita a festa de yansã-tá-bárbara!
5 Comentários:
Porra!
sei nem comentar...
e elogio já virou coisa barata, não vale nada e,
eu te pago de graça,
de resto.
resolvi comentar. já tava com vontade antes. deu preguiça. letícia me ajudou:
na verdade eu gosto muito deste poema. fico feliz de notar num jovem autor (hahaha)características q o ligam tanto qto o afastam à tradição. é preciso lembrar q a prosa é uma coisa muito jovem (gregos!) e observar o qto o poema joga com ela. paratatizando a hipotaxe: ou seja, fazendo de signos verbais ícones. coordenando subordinações. a ação simultânea (picasso?) é outro lance q me interessa na celebração de uma festa sincrética vivida no novo mundo depois da internet etc. as matrizes lexicais greco-latinas jogando com as africanas são outra operação sutil q evita a demogogia e o palavrório. pensem tb no ritmo (nisso eu sou craque né?): mesmo qdo ñ tem verso, tem metro; mesmo qdo ñ tem metro, tem ritmo; mesmo qdo ñ tem ritmo, tem. neste "4 de dezembro" as ferramentas prosaicas servem p'ra confecção de uma superpoesia (ou seja, um primado da abstração-da condensação-etc.). perto dele, vejo os poemas mais facilmente reconhecíveis como poéticos (metafóricos), mesmo os meus, como prosa. prosa ruim mesmo. mas quem nunca foi numa festa de largo em salvador, ou no ensaio do alvorada ali no gravatá, ou quem nunca leu dante ou rosa ou shakespeare ou pignatari ou quem ñ foi lavado e remido pelo sangue do cordeiro de deus... tá lesado e ñ sabe de nada.
um beijo
ps: letícia, natal é nós né?!?
Estranho notar o quanto nossos processos criativos mantêm-se em estado de confluência. Não fossem as diferenças de trajetória e no manuseio de certas sutilezas, acusaríamo-nos de plágio.
Passei a construir meus poemas tentando lhes retirar toda descritividade, tentando torná-los "a coisa" e não sua descrição, como o ouvido q capta a conversa no momento em q esta acontece e a reproduz sem intervir com sua subjetividade.
Algo como o conto "meu tio e o Iauaretê" do Rosa, em q o interlocutor é subentendido.
O resultado final é diferente, mas as idéias tem lá seus pontos de contato.
Alguns poemas no meu blog são bons exemplos.
No mais, belo poema.
Dos mais bonitos.
Não leve a mal o despropósito do comentário acima.
Acho sempre bom celebrar uma coincidência.
Abraço.
um único discurso: perfeito. sem mais.
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